Muita coisa mudou
desde a primeira vez que estive em 2009, tanto em mim como na própria cidade
onde desenvolvemos o nosso trabalho missionário. Cada um que vai, nunca volta
igual, pois as vivências e experiências nos tocam profundamente e quando
regressamos à nossa realidade, o mais notório é o excesso de bens supérfluos
dos quais achamos fundamentais para o nosso dia-a-dia, mas que afinal, não
fazem falta alguma.
O consumismo e a
febre pelo capitalismo levam as civilizações à degradação. Os valores humanos
passam para segundo, ou mesmo terceiro plano e evidencia-se a riqueza, o
estatuto, a fama, elitismos e poder, renegando ao amor, à humildade, à
partilha, à justiça e honestidade.
Gestos simples, dos
quais não pagam impostos, como um sorriso, uma palavra amiga, podem mudar o dia
a alguém. Um ombro amigo, uma visita a alguém que se sente só no meio da
multidão. Pois bem, foram principalmente esses pequenos gestos que estive a
“espalhar” durante o tempo de missão, porque conquistar o sorriso no rosto de
alguém é imensamente gratificante.
Chapadinha é uma
região com uma riqueza imensa de bens naturais, onde domina a corrupção
política aos olhos de todos, onde a justiça praticamente não funciona e
ilibando sempre quem tem poder, onde as seitas religiosas se envolvem com o
poder político e ganham cada vez mais força enganando um povo por si
fragilizado pela pobreza, assustando-o por tragédias que acontecem no dia-a-dia,
o que ressalva é de facto o carinho e a alegria em receber alguém oferecendo
tudo do muito pouco que têm e a fé que têm em Cristo. A isso eu chamo um povo
civilizado que dá valor e importância ao Homem bem como a alegria como vivem
mesmo tendo tão pouco.
As tarefas
desenvolvidas, muitas vezes debaixo de um calor imenso, 40 oC e por
vezes mais, não foi fácil para quem não está nada habituado mas fizemos tudo o
que estava ao nosso alcance. Visitas de todas as casas dos bairros (Tigela e
Liberdade) acompanhados pelos jovens, atividades com crianças e jovens,
participação e auxílio nas atividades paroquiais, palestras e atividades nos
vários estabelecimentos de ensino, catequeses com os grupos de jovens, cuidados
primários de enfermagem entre muito mais.
O que trago comigo?
Difícil quantificar, mas disponível para partilhar, pois só assim faz sentido
depois de tanta riqueza recebida. Tudo isto possível porque Deus me colocou
este desafio de evangelizar, o de ser missionário a partir do dia 19 de outubro
de 85 quando batizado. A fé em Deus é vivida de uma forma intensa, cheia de
vida, uma igreja em movimento. Muito se agradece aos padres Missionários da Boa
Nova, P.Neves e P.Casimiro que têm feito um trabalho em que dedicaram toda a
vida.
Agradeço a todos os
que tornaram possível mais esta experiência e também a todos os que por mim se
cruzaram e viveram de perto a missão em Chapadinha. Não esqueço nenhum de vós e
desejo que sempre sorriam na vida.
Eduardo Duarte
0 comentários:
Enviar um comentário