Sim!...


"Não temer". Eis o elemento constitutivo da vocação: pois o homem teme. Teme não só ser chamado para o sacerdócio, mas teme também ser chamado para a vida, para as obrigações dela, para uma profissão, para o matrimónio. Teme. Este temor revela também um sentido de responsabilidade, mas não de uma responsabilidade amadurecida. Deve ser vencido o temor para chegar à responsabilidade amadurecida; deve-se acolher a chamada: deve-se ouvir, deve-se receber, devem ser avaliadas as próprias forças e deve-se responder: Sim, Sim. Não temas, não temas porque encontraste a Graça, não temas a vida, não temas a tua maternidade, não temas o teu matrimónio, não temas o teu sacerdócio porque encontraste a Graça. Esta certeza, estar consciente disto ajuda-nos como ajudou Maria: Eis que "A terra e o paraíso aguardam o teu sim, ó Virgem puríssima". São as palavras de São Bernardo, palavras famosas, lindíssimas. Aguardam o teu sim, Maria. Aguarda o teu sim, mãe que deves dar à luz; aguarda o teu sim, homem que deves assumir uma responsabilidade pessoal, familiar, social; aguarda o teu sim, tu que és chamado neste Seminário a ser sacerdote. O teu sim. Este sim amadurecido, como fruto da união de dois factores: a Graça — encontraste a Graça — e as tuas forças — estou pronto para colaborar, estou pronto a dar-me a mim mesmo —. Eis a resposta de Maria; eis a resposta de uma mãe; eis a resposta de um jovem: um sim que basta por toda a vida. Hoje teme-se, algumas vezes, assumir uma responsabilidade empenhativa para toda a vida, não só no sacerdócio mas também no matrimónio. Vede, este sim por toda a vida é a medida do homem. Em primeiro lugar é a medida da sua dignidade de pessoa; e depois é a medida das suas forças e do seu esforço. É preciso fidelidade para cumprir o sim por toda a vida.

Não te abandonarei, dizem a esposa ao marido e o marido à esposa no primeiro instante do seu matrimónio. Di-lo um seminarista e depois um sacerdote no dia da sua ordenação: não te abandonarei!

E depois, o Magnificat: "a minha alma glorifica ao Senhor". Este Magnificat é já um fruto, o primeiro que depois prepara para os frutos ulteriores e para o último fruto, escatológico e à medida do homem, da pessoa humana: um fruto escatológico, uma realização definitiva da vida humana em Deus. Magnificat: e neste momento a minha alma glorifica ao Senhor. É um antegozo do início daquele fruto escatológico, daquele Magnificat último a que todos somos chamados.

Mas há talvez outro ponto: e eis que todos os homens nascem do teu sim. Deve saber-se isto: tal sim à imitação de Maria, tal sim cria a alegria, uma nova vida, um sopro, uma bênção. Um sim como o de Maria: que benção! que plenitude do bem no mundo! também com tudo o que existe de sofrimento, que é pecado neste mundo. Um sim de Maria: quantas bênçãos! quanta alegria! quanta felicidade! quanta salvação! quanta esperança! E assim, analogamente. segundo uma devida proporção, o teu sim, a tua felicidade — marido, esposa, jovem, médico, professor — o teu diferente sim cria uma alegria, o mundo renasce; e a vida humana — nas diversas dimensões, na dimensão social, nos diversos ambientes, familiares, paroquiais, profissionais — torna-se mais humana, graças a tal sim.

João Paulo II, POR OCASIÃO DA VISITA AO SEMINÁRIO MAIOR DE ROMA, 25 de Março de 1982

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