"É necessário que alguém lance a semente" - Testemunho Rita



“Eu conheço uma pessoa chamada Rita. 
Ela é uma princesa. A coisa mais linda do mundo. 
Eu nunca tinha conhecido uma princesa como você (…) 
Eu te amo de coração (…) 
Rita você é uma coisa muito importante no meu coração (…) 
você é tudo pra mim, nunca vou esquecer você”.

Estas são as palavras escritas numa das muitas cartas entregues por algumas crianças de Chapadinha e que leio várias vezes, sem nunca conseguir controlar as lágrimas que saem dos meus olhos.

Este foi o meu primeiro ano na grande família JP2, primeiro ano que tive a oportunidade de partir em missão para uma realidade completamente diferente da minha e com a qual, não vou mentir, foi difícil de lidar em algumas situações (injustiça social, fome, violência,...) .
Um mês longe de tudo o que é a minha realidade, casa, família, amigos, bens materiais, em busca de um povo do outro lado do oceano que me esperava a mim e a todo o grupo com grande expectativa, expectativa de que lhes levemos algo diferente do que estão habituados.

Situação antes de partir rumo ao Brasil? Um misto de receio, medo, angústia mas também curiosidade, ideias e sonhos para colocar em prática.

Este ano, ao contrário de outros, trabalhamos em 2 bairros da cidade, 2 bairros que apesar de serem fisicamente próximos, tinham um modo de agir algo diferente.
A “integração” no novo ambiente não foi fácil. O clima quente e húmido, a comida, os sabores, as pessoas, as coisas…Tudo tinha o seu toque de novidade, pelo menos para mim. As pessoas são muito amáveis, acolhedoras, dão o que têm e muitas vezes aquilo que não têm. 


O que mais gostei de fazer? Sem dúvida trabalhar com as crianças. Apesar de ser enfermeira, a minha área se intervenção não passou apenas por cuidados aos fisicamente doentes. Tentei, juntamente com a família JP2 que me acompanhou nesta missão, transmitir valores, mostrar esperança, dar carinho e receber afeto. Desengane-se quem vai em missão e pensa que só dá. Quem vai em missão recebe muito mais do que aquilo que consegue dar, não por ser egoísta ou por não ter vontade, é apenas porque todos nos querem dar alguma parte da sua vida e nós apenas somos uma única alma a receber.
Tentamos acima de tudo trabalhar com jovens e crianças transmitindo valores: As aulas de pintura, canto e viola, bem como os jogos tradicionais que realizamos com eles mostraram que aquelas crianças são sem dúvida mais e melhor, que são criativas, cumpridoras e interessadas.

Partimos em missão porque é necessário que alguém lance a semente, que a regue e que a veja crescer, adubando e cortando os ramos secos quando necessário. Não podemos simplesmente lançar a semente e abandoná-la, pois ela não sobreviverá. Essa é a nossa missão, ajudar no desenvolvimento sustentável a todos os níveis desenvolvendo competências a nível pessoal e principalmente comunitário na vivência da fé.

Situação na semana antes de partir rumo a Portugal? Uma saudade imensa, o pensar que deixo uma parte de mim naquela terra tão distante da minha morada, mas com a certeza de que um dia voltarei para deixar um pouco mais.
Haveria muito mais a falar, mas as palavras tornam-se escassas quando queremos dizer muito em pouco e quando o pouco que fizémos se traduziu em tanto.
Fico com a certeza de que Deus nos olha todos os dias e nos envia sinais para podermos trabalhar com cada vez mais alegria e empenho entre nós, basta-nos ‘peregrinar activamente’ através do caminho que Ele nos oferece, o seu Amor, pois:

“ A fé em Deus faz-nos crer no incrível, ver o invisível e realizar o impossível”

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